domingo, 19 de outubro de 2008

O Lobo no fundo do poço

Certo dia, estava a raposa na sua toca, de barriga vazia, a magicar forma de encontrar almoço, quando se lembrou do seu compadre Lobo e de como haveria de enganá-lo, mais uma vez.
-Caro amigo Lobo, disse a raposa ao chegar à toca do seu compadre - Venho convidá-lo para um delicioso petisco, na floresta!
O Lobo, que não desconfiava das intenções da raposa, saíu prontamente da sua toca e acompanhou-a ao centro da floresta. Pararam junto a um grande poço, muito fundo mas onde não havia nem uma gotinha de água.
- Óh raposa, diga-me lá onde é que está esse magnífico manjar, porque eu já estou com a barriga às voltas de tão vazia que está...
-Querido Lobo - a voz da raposa era doce como um gelado de morango - no fundo deste poço está o nosso almoço, um queijo belo, redondinho, delicioso; só temos de ir buscá-lo!
O Lobo arregalou os olhos: -E como é que vamos fazer isso????
-É simples, muito simples... o compadre coloca-se dentro do balde que está atado a esta corda, presa ao poço e eu ajudo-o a descer até ao fundo, puxando a corda, para o meu amigo não caír. Depois, chegando lá a baixo, eu digo-lhe o que deverá fazer.
-E porque é que não é a minha amiga a descer dentro do balde? - protestou o lobo, um bocadinho receoso da ideia da raposa.
- Óh caríssimo, nada me daria mais prazer que ir lá eu mesma buscar o queijo, mas acontece que não posso correr o risco de sujar o meu belo e sedoso pêlo, ou mesmo de partir uma unha... O compadre não me diga que está com medo?!!!
O Lobo, não querendo dar parte fraca, mostrou as suas garras e saltou imediatamente para dentro do balde, que era exactamente o que a raposa matreira queria que ele fizesse!
O balde era estreito e Lobo parecia que ia sufocar, mas pensava no queijo macio e suculento e o seu desejo de o provar era maior que o desconforto que sentia. A Raposa Matreita, por seu lado, estava toda satisfeita, pois sabia que tinha conseguido enganar o seu compadre!
- Ainda falta muito?- perguntava o Lobo apertado dentro do balde.
-Está mesmo a chegar ao fundo; agora só tem que saltar e apanhar o queijo, amigo Lobo.
O Lobo respirou fundo, contorceu-se, espremeu-se, apertou-se ainda mais e BLOP!, parecia a rolha de uma garrafa de champanhe a saltar para fora do balde!
- E agora, comadre raposa, o que é que faço? É que, com o queijo dentro do balde, eu não consigo caber...
-Não se preocupe, compadre. Eu puxo primeiro o queijo e depois volto a lançar o balde para o amigo lobo subir.
Desta forma, lá ficou o lobo no fundo do poço, enquanto a raposa puxava o queijo.
Assim que se viu com o enorme queijo na mão, a raposa deitou-se à sombra de uma árvore e deliciou-se a comê-lo, sem deixar uma migalha para o seu "amigo" que continuava no fundo do poço a gritar, furioso:
- Tire-me daqui sua malvada! Estou cheio de fome, sua gulosa!!!
-Agora não posso - respondia a raposa de boca cheia -É que estou a comer um queijo que é uma maravilha!!!

E foi assim que, mais uma vez, a raposa matreira conseguiu enganar o Lobo.
E por agora, meninos, ficamos por aqui.

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